Bob’G

Bob’G

O filme Rambo lança moda aqui, no BR dos anos 1980, da tal da faca de sobrevivência. Empunhadura oca, acomodava bússola, fósforo, anzol, kit de primeiros socorros… Enfim, apetrechos de sobrevivência na mata.

Não se restringiu ao BR isso não. Também nos EUA pegou essa moda, coincidindo com o crescimento do número de artesãos cuteleiros de lá. Bil Moran, Bob Loveless, Jimmy Lile, que é o tal que fez a faca do Rambo, já eram nomes conhecidos dum número considerável de colecionadores que se formava.

Até a fase, quem no BR procurasse uma faca em loja de caça e pesca o fazia com essa objetividade, justamente pra caçar ou pescar. Mas esse filme plantou uma espécie de necessidade na cabeça de muito metropolitano, gente que creu ser simplesmente “o máximo” comprar e ter em casa a faca do Rambo.

A Bayard, ali sinônimo de loja de caça e pesca na cidade de SP, cujo gestor era apaixonado por lâminas e bem afinado com os amantes da caça e do tiro esportivo, abre suas vitrines a exemplares daquilo que consubstanciasse a tal faca de sobrevivência. No início, espanholas da marca Aitor, dos modelos Jungle King.

Par de anos depois, essas mesmas vitrines se abrem pra outra faca, também com escopo de faca de sobrevivência, mas de desenho bem ousado, do tipo que grita e não deixa ninguém a ele indiferente. Apesar da certeza preconceituosa de muitos de que aquilo viesse de algum grande fabricante estrangeiro, aquela era a faca “Águia” de Bob’G.

Bob’G sempre foi marca de Roberto Gaeta. Cuteleiro brasileiro da velha guarda, um pioneiro que ali, nessa fase, já contava uns dez anos de faca artesanal. Notório motoqueiro, dos contemporâneos de Adu Celso, Gaeta era inclusive dono de oficina mecânica de motores, cujo comando foi deixando gradualmente pra se dedicar em exclusivo à cutelaria.

Sua “Águia”, a faca que chamou atenção de tanta gente nas vitrines da Bayard, custava coisa de US$ 500.oo (quinhentos dólares) à época. Entre 1986 e 1987, isso significava muito mais dinheiro, muitos mais em coetâneos Cruzados do que hoje em vigentes Reais.

Roberto Gaeta segue firme e forte. É autor dum sem número de modelos notáveis, tendo experimentado, nesses mais ou menos quarenta anos de cutelaria artesanal, praticamente de tudo. Lâminas de aços caldeados, na forma que chamamos damasco, lâminas forjadas e uma infinidade de outras práticas e técnicas, tendo por fim e sabiamente se decidido pelos aços ditos inoxidáveis, obtendo suas lâminas por desbaste.

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