Victorinox

Victorinox

Há quem alegue ser coisa de bretão, há quem a diga germânica. Há quem conte remontar ao Império Romano, milênio e meio pra trás. A história de origem do canivete multifuncional é looonga e controvertida. Mas fato é que o aperfeiçoamento da ideia seja mérito da Suíça.
Em 1884, o helvécio Karl Elsener começa a produzir canivetes por lá. Apenas mais um dentre bons mestres cuteleiros de uma determinada geografia, Elsener dividia terreno e mercado com outros tantos. Gregário, Elsener funda uma associação de mestres cuteleiros em 1890, a Swiss Master Cutlers’ Association, cooperativa que, já em ano seguinte, granjeia o contrato anual de fornecimento de canivetes aos soldados do Exército Suíço. Antes disso, o suprimento era feito através da compra de canivetes alemães.
Da Swiss Master Cutlers’ Association, um canivete de quatro funções. Lâmina principal da faca, chave de fenda, abridor de lata e furador-escareador. Tudo feito em aço ao carbono, sendo as talas da pega em madeira de lei. Difícil era competir com os preços dos vizinhos alemães e garantir o contrato. Fato que forçava a barra dos associados da Swiss Master Cutlers’ Association. Forçando a um ponto em que todos começam a abandonar “o navio”. Sozinho, Elsener passa a tentar suprir a demanda do exército…   Sem dar conta do recado.
Em 1893, a cutelaria Paul Boéchat & Cie., pessoa jurídica que viria a ser também famosa fabricadora de canivetes vermelhos, passa a integrar o polo de fornecimento do contrato. Parelhas, as duas compõem o fornecimento anual, vivendo como…   digamos…   como as “donas práticas” do contrato. As referências germânicas anteriores haviam compactado as margens de lucro do contrato público (o militar) e o mercado civil tinha que seguir, como seguia, sendo de fato o sustento dessas duas corporações. A de Elsener divulgava seus produtos com o sloganO Canivete Original do Exército Suíço”; a Paul Boéchat & Cie., concorrente-partner, sob um muito parecido – “O Genuíno Canivete do Exército Suíço”. No fim das contas, ambos slogans verdadeiros. Aliás, a concorrente-partner viria depois ser a notória Wenger.
Perrengue aqui, perrengue ali, Elsener vai galgando crescimento com novos produtos. Talvez seu canivete mais famoso, e mundialmente famoso, seja o chamado Officer’s Knife. Semelhante ao do contrato militar, porém dono de talas de material sintético e mais leve, embora contemplasse também um saca-rolha e uma segunda lâmina de corte, ou faca menor, portanto duas ferramentas a mais. Apesar do nome sugestivo, o Officer’s nunca ostentou papel de canivete do Exército Suíço. Nasceu civil e seguiu a vida como tal, sem compras públicas.
Cópias baratas desses canivetes começam a surgir, mundo afora. Período de perdas e ganhos, 1909 é o ano que tira a mãe de Karl Elsener do planeta, também o ano que dá a ele a distintiva permissão governamental de uso do emblema suíço em seus produtos – a cruz grega. Da morte da mãe redunda homenagem de filho e, a partir daquele ano, sua corporação passa a usar dela o nome, como marca registrada: Victoria.
Entre 1921 e 1923, ligas resistentes à oxidação passam a ser material de base pros canivetes Victoria. Em francês, inoxyd e inox são formatos curtos ou, prefiro dizer, formatos apelidados a fazer referência a inoxydable (inoxidável). Victoria Inox caminha para aquilo que viria ser o jeitão de propaganda dos canivetes de Elsener. No início dos anos 1930, adotado e registrado, Victorinox passa a ser o nome. Nome pelo qual a conhecemos hoje em dia, século e tanto passados desde o comecinho da sua história.
Em 2005, a Wenger também passa a integrar a Victorinox, tendo sido por ela encampada. E a gama de multifuncionais da marca criada por Karl Elsener segue em linha, que abrangem e articulam de alicates a lentes, de bússolas a limpadores de casco de cavalos, de saca-rolhas a escareadores, de ganchos a tesouras, de serrotes a cortadores de unha, de facas a isqueiros e pen drives. Canivetes multifuncionais que atendem escoteiros e gamers, cavaleiros e ciclistas, golfistas e soldados, socorristas e deputados, engenheiros e filósofos, empreiteiros e ecologistas, crianças e avelhantados, feministas e machistas, padres e zen-budistas, teatro e cinema, maricas e impávidos, gravata e chinelo…   cidade, campo e mar.

Deixe uma resposta

Fechar Menu
×
×

Carrinho